quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Fotografia de um deja-vu (sem acento)

A fotografia do pátio mostrava luzes coloridas cortadas por flocos de neve. Displicentes.
Aos olhos, somente neblina e luzes tímidas. Abóbora, verdes, azuis, amarelas. Ora, ora...
Saudade e tristeza. Saudade será sempre triste? As ruas tinham um que (com acento) familiar. Naquela zona a (tem crase) noite com passos firmes indo nao-sei-pra-onde-encontrar-nao-sei-quem.
Os taxis pretos, antigas testemunhas de uma era violenta, tambem estavam a espreita, conspirando contra a memoria. Frankenstein, Sherlock Holmes. Malditos autores e diretores. Atores favoritos polvilhando na densidade de lembrancas de outros personagens.
Apropriacao de Oscar Wilde, Mr Hide, Dr Jeckyl, Robert Louis Stevenson, Daniel Defoe, os escoceses, os irlandeses, os britanicos todos. Conspiradores, fazedores de mente, adensadores.
Nenhuma reencarnacao e possivel. É proibido chorar por vidas passadas?
Nao ha uma so vida. Nao ha mais que uma vida.
Despedida sem pensar ter existido aqui. Todo lugar é sempre assim. Relutancia em sair de lá. Receio de chegar, titubear, resistencia de partir.
Partir tem um jeito triste. Criacao de raizes. Adensamento.
Os rostos, as roupas, os corpos, os olhares, os cheiros, as conversas cortadas, as sobras, os flashes, o frio. Novas historias que se incorporam as antigas, gerando fatos ou mentiras contadas a rodo. Ou novas verdades se reinventando.
A velhice e o cansaco de revisar lembrancas em cinco dimensoes.
O diabo e que as interrogacoes e os entre-parentesis estao denunciando a inseguranca e as incertezas.

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